Não sei amar,

não que nunca tenha experimentado o prazer da doação,

não que eu não tenha sentido o bem estar da compreensão,

não que eu já não tenha sentido a paz e o amor que envolve o mundo espiritual...

Sei agir e organizar, sei decidir para além do medo

Sinto o amor em que fui criado, respeito a todos em minha família, vejo suas partes boas e o seu amor também, vieram aprender como eu, sempre os admirarei em suas jornadas

Aprendi a orar e agradecer e nasci com uma pequena chama do que é ver o seu semelhante sofrer, querer lutar para mudar tudo isso, aprendi então que deveria me conhecer, assim o é...

Sou um guerreiro que usa a força profunda do espírito, morreria e nasceria para atingir minhas metas de ajudar-nos aqui na Terra

Sou um menino que viu a dor na desigualdade, que sofreu por não poder ser ingênuo

Tive que aprender a andar entre todos, a jogar um jogo de ensinar e aprender, a se defender, a atacar se necessário.

Esse menino vive no guerreiro que quer paz

Esse guerreiro vive no menino que quer paz

Guerra não combina com amor

Um menino é um aprendiz

A força é real e vem do espírito

O amor deve prevalecer

A compreensão deve reinar

A transformação deve acontecer

Não sei amar, mas fui amado e sou amado pelos que me rodeiam

Sei que devo e posso ajudá-los

Tudo se resolverá

(Autor: G)

Neste momento elevo meu pensar. Falarei com palavras, mas com sentimento, deixando que meus desejos e agradecimentos fluam lá do fundo do meu ser. Que eu possa alcançar atenção e vibrar na mesma faixa de humildade e verdade para aqueles que me escutarem, se assim eu merecer.


Aqui da Terra tudo parece fragilizar a alma. Os momentos de alegria e de tristeza convivem e nos esforçamos para entendê-los, tentando aproveitar com paz a felicidade e com resignação a dificuldade; Seria muito bom que eu pudesse aprender mais, entender a mim, ter mais consciência do que represento, ser mais compreensivo com meu semelhante, aprendendo a evitar as guerras e conflitos interiores, aceitando melhor os desígnios do meu caminho. Se assim eu merecer, que eu possa ver a luz tão difícil de ver com os olhos do físico, sentir que pude construir e completar os ciclos que de mim são exigidos, que eu possa me desculpar para com aqueles que indevidamente feri, por fim, que eu possa encontrar, a cada dia, mais significado na passagem pela Terra.


Desculpe se meu esforço em orar não seja a palavra que um pai espera de um filho, mas pretendo um dia me irmanar aos plenos de bondade e poderei ser orgulho dos irmãos da humanidade.

Que a paz, a tranquilidade, a luz e a força para sempre crer no bem e nos bons resultados se espalhe pelo mundo.

Obrigado por me ouvirem e me orientarem em minha luta.

(Autor: G)

Dizem por aí que o Lada NIVA ...


... tem até clube já formado! Isso, aqui no Rio Grande do Sul, reunindo muitos proprietários da região metropolitana de Porto Alegre e até do interior. Fica fácil saber o valor desse "jeep", pois somente aquilo ou aquele que se impõe nesse desleal mercado capitalista é capaz de ser aclamado e odiado por muitos ao mesmo tempo.
Há poucos anos atrás eram só os 4x4 espartanos como o jeep willis, o ford, as rurais entre outros. O grande prazer era deixar o 4x4 na casca e remontá-lo peça por peça, é claro, depois colocá-lo na trilha. No entanto, hoje sobram propagandas sobre os veículos 4x4 "de luxo", é um recente nicho de mercado e bastante explorado.
Porém, para os aficcionados, os patriados, aqueles que necessariamente não se corrompem por uma publicidade bem feita, para aqueles que "não têm tudo que querem, mas querem tudo que têm", enfim, para todo aquele que sabe fazer escolhas sem discriminar a escolha alheia, eis uma opção que ainda segue o prazer de reunir a família e os amigos em atividades saudáveis e desafiadoras da solidariedade em cada um de nós, como dizem seus proprietários, a "camaLadagem".

Fórum: <http://br.groups.yahoo.com/group/nivaclube/>
Site:

As verdadeiras deficiências




Deficiente é aquele que não consegue modificar a vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.

Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome e de miséria, pois só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir o desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seu dinheiro no fim do mês.

Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

Paralítico é aquele que não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

Diabético é quem não consegue ser doce, sendo indiferente no mundo em que vive.

Anão é quem não sabe deixar o amor crescer e vive preso no seu próprio ego.

E, finalmente, os miseráveis, que são todos que não conseguem falar com Deus.

Cinco importantes lições !

Primeira importante lição:

Durante meu segundo mês na escola de enfermagem, nosso professor nos deu um questionário. Eu era bom aluno e respondi rápido todas as questões até chegar a última que era:
"Qual o primeiro nome da mulher que faz a limpeza da escola?"
Sinceramente, isso parecia uma piada. Eu já tinha visto a tal mulher várias vezes. Ela era alta, cabelo escuro, lá pêlos seus 50 anos, mas como eu ia saber o primeiro nome dela.
Eu entreguei meu teste deixando essa questão em branco e um pouco antes da aula terminar, um aluno perguntou se a última pergunta do teste ia contar na nota.
"É claro!", respondeu o professor. "Na sua carreira, você encontrará muitas pessoas. Todas têm seu grau de importância. Elas merecem sua atenção mesmo que seja com um simples sorriso ou um simples "alô" ou até mesmo um "oi".
Eu nunca mais esqueci essa lição e também acabei aprendendo que o primeiro nome dela era Dorothy.


Segunda lição importante:

Na chuva, numa noite, estava uma senhora negra, americana, do lado de uma estrada no estado do Alabama enfrentando um tremendo temporal.
O carro dela tinha enguiçado e ela precisava, desesperadamente, de uma carona. Completamente molhada, ela começou a acenar para os carros que passavam.
Um jovem branco, parecendo que não tinha conhecimento dos acontecimentos e conflitos dos anos 60, parou para ajudá-la. O rapaz a colocou em um lugar protegido, procurou ajuda mecânica e chamou um táxi para ela.
Ela parecia estar realmente com muita pressa mas conseguiu anotar o endereço dele e agradecê-lo.
Sete dias se passaram quando bateram à porta da casa do rapaz.
Para a surpresa dele, uma enorme TV colorida com o controle e tudo estava sendo entregue na casa dele com um bilhete junto que dizia:
"Muito obrigada por me ajudar na estrada naquela noite. A chuva não só tinha encharcado minhas roupas como também meu espírito. Aí, você apareceu. Por sua causa eu consegui chegar ao leito de morte do meu marido antes que ele falecesse. Deus o abençoe por ter me ajudado. Sinceramente, Mrs. Nat King Cole"


Terceira importante lição:

Sempre se lembre daqueles que te serviram.

Numa época em que um sorvete custava muito menos do que hoje, um menino de 10 anos entrou na lanchonete de um hotel e sentou-se a uma mesa.
Uma garçonete colocou um copo de água na frente dele.
- "Quanto custa um sundae?" ele perguntou.
- "50 centavos" - respondeu a garçonete.
O menino puxou as moedas do bolso e começou a contá-las.
- "Bem, quanto custa o sorvete simples?" ele perguntou.
A essa altura, mais pessoas estavam esperando por uma mesa e a garçonete perdendo a paciência.
- "35 centavos" - respondeu ela, de maneira brusca.
O menino, mais uma vez, contou as moedas e disse:
- "Eu vou querer, então, o sorvete simples".
A garçonete trouxe o sorvete simples, a conta, colocou na mesa e saiu.
O menino acabou o sorvete, pagou a conta no caixa e saiu.
Quando a garçonete voltou, ela começou a chorar a medida que ia limpando a mesa pois ali, do lado do prato, tinham 15 centavos em moedas, ou seja, o menino não pediu o sundae porque ele queria que sobrasse a gorjeta da garçonete.


Quarta importante lição:

O obstáculo no nosso caminho.

Em tempos bem antigos, um rei colocou uma pedra enorme no meio de uma estrada. Então, ele se escondeu e ficou observando para ver se alguém tiraria a imensa rocha do caminho.
Alguns mercadores e homens muito ricos do reino passaram por ali e simplesmente deram a volta pela pedra. Alguns até esbravejaram contra o rei dizendo que ele não mantinha as estradas limpas mas nenhum deles tentou sequer mover a pedra dali.
De repente, passa um camponês com uma boa carga de vegetais.
Ao se aproximar da imensa rocha, ele pôs de lado a sua carga e tentou remover a rocha dali.
Após muita força e suor, ele finalmente conseguiu mover a pedra para o lado da estrada. Ele, então, voltou a pegar a sua carga de vegetais mas notou que havia uma bolsa no local onde estava a pedra. A bolsa continha muitas moedas de ouro e uma nota escrita pelo rei que dizia que
o ouro era para a pessoa que tivesse removido a pedra do caminho.
O camponês aprendeu o que muitos de nós nunca entendeu :
"Todo obstáculo contém uma oportunidade para melhorarmos nossa condição".


Quinta importante lição:

Dando quando se conta. Há muitos anos atrás, quando eu trabalhava como voluntário em um hospital, vim a conhecer uma menininha chamada Liz que sofria de uma terrível e rara doença.
A única chance de recuperação para ela parecia ser através de uma transfusão de sangue do irmão mais velho dela de apenas 5 anos que, milagrosamente, tinha sobrevivido à mesma doença e parecia ter, então, desenvolvido anticorpos necessários para combatê-la.
O médico explicou toda a situação para o menino e perguntou, então, e ele aceitava doar o sangue dele para a irmã.
Eu vi ele hesitar um pouco mas depois de uma profunda respiração ele disse:
- "Tá certo, eu topo já que é para salvá-la...".
À medida que a transfusão foi progredindo, ele estava deitado na cama ao lado da cama da irmã e sorria, assim como nós também, ao ver as bochechas dela voltarem a ter cor.
De repente, o sorriso dele desapareceu e ele empalideceu.
Ele olhou para o médico e perguntou com a voz trêmula :
- "Eu vou começar a morrer logo?"
Por ser tão pequeno e novo, o menino tinha interpretado mal as palavras do médico, pois ele pensou que teria que dar todo o sangue dele para salvar a irmã!



Pois é, compreensão e atitude são tudo.
Você tem duas escolhas agora:

"Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro. Ame como se você nunca tivesse se machucado"

O Testamento da Águia


Há muitos anos atrás, uma águia majestosa morava sozinha no cume de uma alta montanha. Um dia sentiu que a hora de sua morte aproximava-se. Com um possante grito chamou pelos filhos, que moravam mais abaixo. Quando viu todos reunidos, olhou para eles, um a um, e disse-lhes:

- Cuidei de vocês e criei-os de maneira a que pudessem olhar diretamente para o Sol. Deixei morrer de fome seus irmão que não suportavam enfrentar o Sol. Por esse motivo, vocês merecem voar mais alto que todos os outros pássaros.
Qualquer um que deseje preservar sua vida não atacará os ninhos de vocês. Todos os animais temerão e vocês jamais farão mal aos que os respeitarem. Deixem-nos comer os restos de suas presas.
Agora estou prestes a deixá-los. Porém não morrerei aqui em meu ninho. Voarei para bem alto, até onde minhas asas conseguirem me levar. Irei em direção ao Sol a fim de me despedir. Os fogosos raios do Sol queimarão minhas velhas penas. Cairei em direção à terra e finalmente para dentro d'água. Porém milagrosamente surgirei novamente da água, rejuvenescida e pronta a iniciar nova existência.
É essa a sina das águias, é nosso destino.


A essas palavras a águia levantou vôo. Majestosa e solenemente vôou em torno da montanha onde estavam seus filhos. Depois, subitamente, subiu em direção ao Sol que queimaria sua velhas asas cansadas.

FONTE: Leonardo da Vinci

A cultura do Slow Down

Já fazem 18 anos que ingressei na Volvo, empresa sueca bem conhecida. Trabalhar com eles é uma convivência muito interessante.

Qualquer projeto aqui demora dois anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É uma regra.

Os processos globalizados causam-nos a nós (brasileiros, portugueses, argentinos, colombianos, peruanos, venezuelanos, mexicanos, australianos, asiáticos) uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos. Conseqüentemente, o nosso sentido de urgência não surte efeito dentro dos prazos lentos dos suecos. Os suecos debatem, debatem, realizam várias reuniões, ponderações, etc... E trabalham! Com um esquema bem mais “slowdown".

O melhor é constatar que, no fim, isto acaba por sempre dar resultados no tempo deles (suecos) já que conjugando a necessidade amadurecida com a tecnologia apropriada, é muito pouco o que se perde aqui na Suécia.

A Suécia é do tamanho do estado de São Paulo, tem apenas dois milhões de habitantes. Ou seja, sua maior cidade, Estocolmo, tem apenas 500.000 habitantes (compare-se com Paris, Londres, Berlim, Madrid, mesmo Lisboa, onde vivem permanentemente 1 milhão de pessoas, ou ainda a cidade do Rio de Janeiro com 7 milhões). Além disto, são empresas de capital sueco: Volvo, Skandia, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare , etc.

Nada mal, não é? Para se ter uma idéia da sua importância basta mencionar que a Volvo fabrica os motores de propulsão para os foguetes da Nasa. Os suecos podem estar enganados, mas são eles que me pagam o salário. Não conheço nenhum outro povo com uma cultura geral superior à dos suecos.

Vou contar uma pequena história,para terem uma idéia:

A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos me apanhava no hotel todas as manhãs. Já era Setembro, com algum frio e neve. Chegávamos cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2 mil empregados que vão de carro para a empresa). No primeiro dia não fiz qualquer comentário, nem tampouco no segundo ou no terceiro. Num dos dias seguintes, já com um pouco mais de confiança, uma manhã perguntei:

"Vocês têm lugar fixo para estacionar? Chegamos sempre cedo e com o estacionamento quase vazio você estaciona o carro no seu extremo?

E ele me respondeu com simplicidade:

“É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Entendeu?"
Imaginem a minha cara! Esta atitude foi bastante para que eu revisse todos os meus conceitos anteriores.

Atualmente, há um grande movimento na Europa chamado "Slow Food". A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede na Itália.
O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A idéia é contraposição ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida. Verdadeiramente surpreendente, é que este movimento de Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado “Slow Europe” como salientou a revista Business Week numa das suas últimas edições européias.

Na base de tudo isto está o questionamento da "pressa" e da "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) ao contrário do "ter em qualidade", “Qualidade de vida" ou “Qualidade do ser". Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, ainda que trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos e ingleses. E os alemães, que em muitas empresas já implantaram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade aumentar uns apreciáveis 20%.

A denominada "slow attitude" está chamando atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já!).

Portanto, esta "atitude sem pressa" não significa fazer menos nem ter menor produtividade. Significa sim, trabalhar e fazer as coisas com "mais qualidade" e "mais produtividade", com maior perfeição, com atenção aos detalhes e com menos stress.

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do prazer dum belo ócio e da vida em pequenas comunidades. Do "aqui" presente e concreto, ao contrário do "mundial" indefinido e anônimo.

Significa retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver, e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho com menos pressão, mais alegre, mais leve, e portanto mais produtivo, onde os seres humanos realizam, com prazer, o que melhor sabem fazer.

É saudável refletir sobre tudo isto. Será que os antigos provérbios: “Devagar se vai ao longe" e “A pressa é inimiga da perfeição" merecem novamente a nossa atenção nestes tempos de loucura desenfreada?

Não seria útil e desejável que as empresas da nossa comunidade, cidade, estado ou país, começassem já a pensar em desenvolver programas sérios de “qualidade sem pressa" até para aumentarem a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços sem necessariamente se perder “qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar chegando".

Ao que o cego responde: “Em um momento, vive-se uma vida", e a leva para dançar um tango. Esta cena que dura apenas dois ou três minutos, é o melhor momento do filme.

Muitos vivem correndo atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente automobilístico por correrem para chegar a tempo. Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe. O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia.

A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro".

Parabéns por ter conseguido ler esta mensagem até ao fim. Certamente haverá muitos que leram só metade, para "não perder tempo" tão valioso neste mundo globalizado.

Um excelente dia para você!

Para quem quer começar no artesanato...

Foi a partir de uma dúvida no fórum do Só Artesanato que resolvemos escrever essa página. Ela não pretende ser totalmente esclarecedora, mas vai tentar dirimir algumas dúvidas gerais, pelo menos aquelas que estas artesãs tiveram quando começaram a sua aventura pelo maravilhoso mundo do artesanato.

Fizemos algumas perguntas que consideramos importantes e em seguida tentamos responder.
Caso alguém tenha uma sugestão para alteração é só entrar em contato, pois o objetivo aqui é tentar ajudar aqueles que querem se iniciar no artesanato. Toda ajuda é bem vinda.

Para início de conversa:
O que preciso para ser artesão?
Onde buscar informação?

Dúvidas de base:
Responder para si o porquê dessa escolha?
Devo ter um dom artístico?
Que capital devo ter?
O que pode ser um diferencial?
Vou conseguir me sustentar com isso?

Dúvidas práticas:
Pago impostos para ser artesão?
Devo ter um registro, uma carteira de artesã(o)?
Como cobrar pelos meus trabalhos?
Como divulgar, como vender?

Dúvidas para ancorarteds@hotmail.com

Para início de conversa

O que preciso para ser artesão?

Iniciativa é a mola-mestra para qualquer investimento, não fique parado esperando a sorte cair do céu, claro, se ela estiver a seu favor, melhor. Ao optar por ser artesã(o) provavelmente você já escolheu a independência como guia.

Somos os donos, administradores, contabilistas, contratadores, criadores, operários, vendedores, ou seja, pau para toda a obra. Não nos assustemos, mas numa escala bem pequena isso é possível e por vezes até confortável - evitamos algumas dores de cabeça.

Por exemplo, na região metropolitana do Pará, conhecemos uma menina de 16 anos que resolveu trabalhar com peças de gesso para festas particulares, estudava e trabalhava nas horas de folga. Começou com enfeites e foi fazendo propaganda pela sua vila, a coisa deu tão certo que ela se especializou e montou uma lojinha em um ano.
Isso não quer dizer que todo aquele que começa como engraxate vira Sílvio Santos...

Existem muitos fatores, tais como: uma boa escolha do tipo de artesanato, ter ou não capital para investir, administrar bem seu pequeno negócio, ter um diferencial nos trabalhos, boa divulgação, atender bem seus clientes (importantíssimo), inovar, paciência para investimento a longo prazo e por aí vai, ah e uma boa dose de sorte!

Pode-se fazer curso(s) diversos, pequenos ou grandes investimentos em ferramentas, matéria-prima, funcionários, porém vamos tratar aqui daqueles que, cremos ser a maioria, começam no fundo de quintal.

Resumindo: o que é preciso para ser artesão? Como qualquer outra profissão, iniciativa e força de vontade para abrir o seu espaço. Mãos à obra.

Onde buscar informação?

Prefeituras:

Isso depende muito da região do Brasil onde você vai iniciar seu negócio. Em alguns pólos turísticos existem estruturas de apoio ao artesão que vão da qualificação à divulgação e vendas. Em outras, mais urbanas, o artesanato se restringe à feiras propiciadas por associações menores.

Cursos:

Para quem quer investir em um curso não tem muita dificuldade, tem de tudo que é tipo , para todos os bolsos e gostos. As lojas especializadas em produtos para artesanatos normalmente oferecem uma diversidade deles. Também alguns artesãos com grande experiência de mercado já ministram cursos particulares ensinando a suas técnicas aos interessados a preços bem acessíveis e muitas associações de artesãos e até outras como as de bairro oferecem cursos para os moradores a preços bem baratos.

Dependendo do tipo de artesanato escolhido o SEBRAE pode oferecer uma estrutura bem especializada.

Quando se fala em cursos se pensa em técnica. Porém pode-se ter um curso sobre como administrar seu negócio, um curso sobre vendas ou tudo aquilo que pode qualificar a independência do artesão.

Revistas:

Uma fonte de informação muito comum para quem tem iniciativa são as revistas. Existem muitas,
inclusive a preços de R$ 1,00 ou R$ 2,00 quando vendidas em bancas de redistribuição de edições passadas. Nós só compramos essas, de todos os tipos, dali vamos para internet e desbravamos o resto, assim nos atualizamos.

Internet:

Para quem é mais virado e sabe lidar com um microcomputador a internet vai lhe trazer tanta informação que será melhor selecionar o que você vai ler, pois é só digitar a palavra artesanato num site de busca e virão milhares de endereços. Será muita informação, vá com calma.

As comunidades virtuais e os fóruns (do latim, local para debates, ou reunião para o mesmo fim) são bons lugares para perguntar e tirar dúvidas, eles existem para que as pessoas possam dialogar e trocar experiências. Aproveitem.

Dúvidas de base

Responder para si o porquê dessa escolha?

Bom, por que responder isso é importante. Da mesma forma que quando casamos com alguém é melhor se perguntar se vamos nos responsabilizar por essa escolha no futuro. Mas como saber se ela é uma má escolha?

Nenhuma escolha é má, podemos sim escolher o caminho errado, neste caso é só voltar e começar novamente, pois não há como adivinhar futuros. Investimento é risco. Agora, as chances de aprendermos algo mesmo tendo pego o caminho errado é maior quando a escolha é firme e responsável, consciente. Para isso acontecer basta não ter pressa de começar, vá aprendendo aos poucos e saiba muito bem os porquês de suas escolhas.

Vale a pena pensar e repensar, é claro que por vezes compramos o mais barato por que não podemos comprar o mais caro, nossas escolhas estarão atreladas a outros fatores. Porém, é diferente saber disso e assumir os riscos ou simplesmente aceitar o barato como imposição do destino. É mais ou menos como amar o que se tem e não ficar cobiçando o do vizinho.

Uns escolhem o que dá dinheiro, outros o que dá prazer, outros o que dá status, outros por que tem um dom para aquela técnica como pintura à óleo, por exemplo, outros não escolhem apenas atrelam ao capital que tem ou não tem. Todos podem se dar bem, todos podem bater com os burros na água!

Arrisque com o menor grau de chance de erro, isso se minimiza quando se sabe muito bem o que se quer.

Devo ter um dom artístico?

Arte pode ser definida como a capacidade que tem o ser humano de pôr em prática uma idéia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria. Também como uma atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação.

Ora, quem sabe se expressar através de suas qualidades o faz numa cozinha, num trabalho de aula, num artesanato, etc. Qualquer resultado de trabalho bem feito pode ser considerado um (dom)ínio e, sem dúvida, vai despertar a admiração de alguém.

Afinal, tem que ter ou não, dom artístico? Claro que não, tem que ter domínio do seu trabalho, se tiver alguma capacidade inata para o desenho, escultura ou qualquer outro, melhor.

Que capital devo ter?

Ter um sonho ajuda muito, objetiva e deixa forte qualquer um, agora ter capital para investimento é algo bem prático e fácil de se resolver. Ou tem ou não tem.

O grande cuidado é não atrelar o artesanato escolhido tão somente à grana que se tem no bolso. Isso pode virar insatisfação no futuro.

Uma vez uma moça montou uma loja, ela tinha dinheiro para isso, mas nenhuma experiência no ramo - venda de calçados - apenas queria ter uma fonte de renda administrada por ela. A loja ficava em Porto Alegre num bairro chique. Não deu outra em pouco tempo estava em depressão, mas não por que o negócio rendia pouco, mas por que não era bem aquilo que ela queria. E ela não queria ficar rica, já era, queria se sentir útil, mas achou que o dinheiro iria comprar isso. Não comprou.

Ter capital ajuda, mas não é certeza de bons trabalhos. Não ter capital dificulta um pouco, mas a maioria dos ramos de artesanato não possuem matérias-primas e ferramentas tão inacessíveis ao bolso. Adquira aos poucos, invente, todo mundo começa assim.

Invista o que puder no seu sonho, nas suas idéias, demore o que demorar, se é o que você quer, vai conseguir!

O que pode ser um diferencial?

Uma sugestão que nem todos percebem. Entrar num ramo qualquer que já possui uma concorrência e não identificar bem o seu diferencial, é não entender que ele precisa existir.

Por exemplo: ter uma padaria é certeza de venda, mas não de preferência!

A preferênca é a conseqüência de um diferencial do produto daquela padaria. Isso se faz de caso pensado, observando bem o mercado e as preferências do consumidor, o local de vendas, o público-alvo, enfim um estudo planejado e direcionado para atender um nicho de mercado ainda pouco ou nada explorado.

Ao colocar um artesanato numa feira você pode vender alguma coisa, é certo. Mas que tal não só vender bastante como ficar conhecida e procurada pelo seu público?

Ao escolher o tipo ou tipos de artesanato que trabalhar, decida de antemão qual será o diferencial dos seus produtos (trabalhos) isso irá ajudar muito.

Vou conseguir me sustentar com isso?

Investimentos se medem a curto, médio e longo prazo. Artesanato é considerado bico por alguns, ou seja, rende como trabalho complementar. Só que isso depende do estilo de vida de cada um. Quem sabe sobreviver com pouco vai conseguir esperar as vendas melhorarem.

As datas festivas são as mais procuradas, nestes dias, como Páscoa, Natal, Dia dos Pais, Mães, Crianças, Namorados, etc. Esteja atento para produzir e vender mais antes destas datas. Direcione inclusive seus produtos para estes fins.

Dá para ficar rico? Não conseguiríamos responder, pois não ficamos, mas podemos dizer que nos enriquecemos de muitas outras formas. É como se a falta de vendas fosse compensada pela saúde, pela autonomia de trabalho, pela permanência com a família e outros benefícios "anti-estresse".

As grandes vendas estão nas feiras, é lá que o público vai especialmente para isso. Esteja preparada(o) para muito trabalho e desafios.

Dúvidas práticas

Pago impostos para ser artesão?

Se você fizer parte de uma associação, de uma coperativa, de um grupo vai ter que ter carteira de artesão emitida por órgão reconhecido. Essa carteira deve ter uma anuidade e o grupo pode também acabar pagando uma taxa para participar de feiras.

Isso depende também de região para região, nas grandes feiras aluga-se espaço por preços bem salgados.

As carteiras de artesão e as taxas para alocação de espaços nas feiras, individuais ou por associações são os únicos gastos que conhecemos.

Devo ter um registro, uma carteira de artesã(o)?

Pode ter, não é necessário se não participar de determinadas feiras onde há fiscalização dos órgãos municipais.

Também é uma forma de qualificar o seu trabalho, alguns precisam da "prova" de que você realmente sabe fazer o que faz.

Na nossa cidade o Sine se responsabiliza pela emissão de carteiras de artesão e não tem anuidade nenhuma.

Como cobrar pelos meus trabalhos?

O cálculo comum de toda produção: somam-se todos os gastos com materiais e coloca-se um percentual de mão-de-obra.

Gastei em 1 único produto: (VALORES HIPOTÉTICOS)

R$ 1,00 de massa A
R$ 1,00 de massa B
R$ 1,00 de enfeite D
R$ 1,00 de enfeite H
------------------------
R$ 4,00 x 100% de mão-de-obra = R$ 8,00 é o preço do seu produto final.

Como divulgar, como vender?

Nome do ateliê:

Comece pelo nome do seu ateliê, um nome que vai representar o seu trabalho em qualquer tipo de divulgação. Escolha um nome que lhe agrade, que expresse bem seus objetivos, seja criativo, uma marca bem produzida pode virar uma "grife".

O produto:

O seu produto vai representar o seu trabalho onde ele estiver.
Seu produto deve ter a sua assinatura, seja um logotipo, uma marca, algo que fique gravado nele, afinal ele é seu filho e leva a sua "genética".
O produto pode vir acompanhado também de um cartão ou etiqueta com o logotipo ou nome do seu ateliê.

Cartão de visitas:

Crie um cartão de visitas ou peça a uma gráfica para fazê-lo, sai barato e você pode distribuí-lo em qualquer lugar, sempre que tiver oportunidade.

Feiras:

Mantenha-se no meio, principalmente através das feiras, ajuda muito e vira referência e ponto de encontro para quem quer ver seus trabalhos. Para muitos artesãos as feiras são o melhor caminho para as vendas.

Consignação:

Alguns se valem da consignação, que é deixar seus trabalhos em alguma loja para serem vendidos. É uma forma de divulgar e de vender, porém isso vai depender muito da loja, do ponto, de quem vende, do preço a ser paga por isso. Pode ser uma saída, mas cuidado, pelo menos é o que alertam a maioria dos artesãos.

Loja /oficina ou ateliê:

A lojinha onera bastante a divulgação/venda de um artesão, pois implica aluguel, taxas de luz, água, carteira de artesão e CGC. Se puder ter uma num local bem privilegiado, tenha.
O próprio ateliê ou oficina pode representar este lugar, abra espaço para visitas e organize o local, pois como também é um local de trabalho pode parecer bagunçado e isso não é boa divulgação.

Site/Blog/Fotolog:

Dá tudo na mesma, site ou sítio é um conjunto de páginas na internet. E é uma excelente forma de divulgar, nem sempre de vender. Pode-se mandar fazer um, mas isso custa, e muito. Pode-se ter inclusive um domínio próprio com o nome de sua empresa na internet, como por exemplo www.minhaempresa.com.br

Existem os Blogs e outros nomes parecidos que oferecem o espaço gratuito, é só se cadastrar e colocar lá fotos, textos, contatos (fones, e-mails, endereços), opiniões, links, etc, pode-se ter vários deles, são todos gratuitos. Muitos artesãos perdem o medo do computador e se aventuram a divulgar o seu trabalho na rede mundial, é fácil, não precisa entender tudo, basta uma pequena orientação e logo se domina o que se precisa saber.

HISTÓRIA SOBRE LER/DORT, um depoimento

Dedico este relato a todos que sofrem de dores provenientes de doenças quaisquer, reconhecidas ou não.

Também àqueles médicos que ainda não tiveram a coragem e a responsabilidade de se atualizar e aprender a entender o paciente como um ser tão humano quanto ele e tão pouco, por em prática o juramento de Hipócrates.

Aos precursores e valentes médicos também, que tiveram visão suficiente para não se tornarem mais uma opção de mercado, mas verdadeiros orientadores que conseguiram enxergar para além dos fatores biológicos, tais como as influências psicológicas, o ambiente familiar, o social, o fator econômico e principalmente o ambiente de trabalho (onde passamos 70% de nossas vidas). Deles surgem provas irrefutáveis das origens de muitas das doenças que afligem o ser humano imerso nos grandes centros urbanos.

A quem pode ver neste relato a si mesmo na luta pela aceitação de sua condição de doença, que ele possa ver que há muitos nesta mesma condição e que aceitar, calar e se submeter aos estados de depressão não será uma saída para a reconstrução de sua vida. Ter limitações físicas que se impõem, não impede que vivamos bem e tenhamos uma vida saudável e produtiva dentro dessas mesmas limitações.

Referências importantes

- Minha família esteve sempre comigo em todas as horas, com carinho, amor, compreensão e até mesmo com críticas para que a dor não me vencesse e sim para que eu acreditasse em mim e restabelecesse meu equilíbrio. Não teria enfrentado tudo se não fossem eles, talvez estivesse mais amargurada e me achando uma inválida.

- Minhas filhas adolescentes me auxiliam em todas as tarefas diárias, não teria conseguido sem elas.

- Felizmente fui bem assistida por uma assistente social da empresa em que trabalhei, sempre prestativa, orientou e aconselhou a mim e minha família. Ainda bem que existem profissionais coerentes como ela.

- Desejo salientar que minha sogra passa por situação semelhante a minha, tendo operado ambos os pulsos sem efeito, chegou a passar quase um ano engessada dos dois braços, tem os movimentos reduzidos e pouca força nas mãos, conseguiu a sua aposentadoria por idade apesar de ter lutado muito tempo para que isso acontecesse.

- De fato, encontrei um (1) médico que me ajudou muito, foi esclarecedor e defendeu pelo menos uma idéia de tantas que ouvi sobre minha doença. Pude confiar em algo. Portanto, existem médicos interessados, que irão aturar a confusão do paciente, no mínimo, tratando o quadro psicológico como uma reação normal, tratando assim, mais do que partes do corpo, mas seres humanos.

- De alguma forma entendo que existem forças que não vemos, mas sentimos que existem. A fé sempre me ajudou.

- Conheci mais sobre mim mesma depois que descobri a doença, nunca antes!

Introdução

Não sabia, realmente, o que era dor antes de tudo acontecer, não imaginava sequer que eu era alguém estressada e que todos os meus conceitos sobre o que é viver em absoluta normalidade poderiam estar equivocados. Aos 30 anos, com uma vida agitada, mas comum, passei a estar privada de tudo o que fazia indo as raias da depressão. Adquiri 15 quilos, passei a conviver com gastos com exames, fisioterapias, acupuntura e remédios.

As visitas a médicos tornaram-se peregrinações por diversos consultórios, inclusive as terríveis perícias (exame periódico feito por órgão público responsável pelo seguro em acidentes de trabalho), e aprendi que tão difícil quanto a dor física é enfrentar a mudança de vida que ela nos obriga a ter, a dor de sentir-se frágil diante da dor e da máquina de fazer doentes a que somos submetidos desde que nascemos.

Acompanhada do desconhecimento de alguns médicos e, por incrível que possa parecer, do descaso, da incredulidade e da desconfiança, de alguns médicos, de colegas de trabalho, de assistentes sociais, percebi que não era só eu quem sofria dos males provenientes de uma vida mal organizada e que o estresse tinha vária faces, enquanto todos deveriam estar trabalhando na prevenção estavam ocupados em obedecer às regras para não serem punidos, o que eu vivia ninguém entendia e o que eu via não podia aceitar, o sistema não enxerga e não permite exceção, eu me tornara uma fatalidade, não havia volta.

Eis os rótulos da minha dor: Vagabundagem, Crise Psicológica, Toxoplasmose, Síndrome Miofacial, Problemas Neurológicos, Reumatismo, Esclerose Múltipla, Fibromialgia e LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) este último o mais fácil de atribuir e o mais difícil de aceitar pelo desconhecimento e pela intransigência de nosso sistema trabalhista, muitos sofrem desse mal, mas não é interessante que ele seja reconhecido(...)

Encontrei pessoas com os mesmos problemas que eu, até piores, mas mal informadas e acreditando no falho sistema voltavam cabisbaixas para mais uma sessão de auto-superação em suas funções no ambiente de trabalho, na família e no social. Soube de casais que se separaram, de crises de depressão quase resolvidas pelo suicídio e uns que até hoje "trabalham" e se afastam desse periodicamente, mas não são liberados de suas funções ou porque não sabem que tem direitos ou porque estão sujeitos a sua sobrevivência. Como nossos empresários, médicos, políticos e outros indivíduos conscientes dessas falhas, detentores do poder sobre os trabalhadores podem fazer isso com aqueles que mais precisam deles?

Por isso tudo resolvi escrever, espero que ajude, elucide e conforte aqueles que passam pelo mesmo caminho que trilhei, para que não se sintam sós e desorientados, que não se sintam culpados, enfim que não acreditem na primeira conclusão e lutem pelo direito de terem uma vida saudável e assistida.

Procurei não citar nomes, pois este relato tem como objetivo único levar informação útil aos que dela necessitam, em nenhum momento quero culpar empresas, órgãos e pessoas. Entretanto serve para que eles, sem conhecimento suficiente e acreditando no sistema, ainda sacrificam muitos outros piores que eu, com menos instrução, menor poder aquisitivo e menos apoio familiar. Também serve para aqueles que sabem, mas ainda não tiveram coragem de mudar o que precisa ser mudado.

Antes de tudo começar, um breve histórico

Nasci no interior e através de concurso entrei numa empresa de economia mista no cargo de assistente administrativo, não era muito, mas através de dedicação e esforço pretendia chegar a algum lugar. Trabalhei por 6 anos em escritórios municipais e postos naquelas máquinas de datilografia, daquelas bem antigas, por vezes até 10 horas seguidas, inclusive levando a máquina e o serviço para casa. Arquivava pastas diversas em armários de metal (aquelas gavetas bem pesadas), catalogava e arrumava livros em biblioteca. Em 1996 fui eleita para o cargo de tesoureiro na associação da empresa em Porto Alegre.

Quase um ano depois assumi novamente o antigo cargo. Na capital atendia a 5 pessoas, eventualmente aqueles vindos do interior, digitava trabalhos diversos em microcomputador e lidava com o famoso arquivo de metal. Essa fase viria a ser a gota d'água.

Na época minhas adolescentes tinham 12 e 9 anos, morávamos próximo do trabalho e isso facilitava muito. Meu marido trabalhava com assessoria e consultoria em informática em empresa privada e como autônomo, sempre tivemos uma relação estável e muito dinâmica. Pratico vôlei desde os 15 anos, em 1997 jogávamos, eu e meu marido, até três partidas por semana, à noite, após o expediente. Com a mesma turma do esporte fazíamos acampamentos e caminhadas em trilhas no mato em pequenas viagens. As meninas freqüentavam os escoteiros, eventualmente participávamos da condução dos jovens e outras atividades. Envolvíamo-nos em passeios ciclísticos também. De resto nossa vida era completamente normal, lavava-se roupa na máquina, comprava-se pão na padaria da esquina e via-se muitos filmes. Tínhamos sempre o que fazer e muitos objetivos futuros.

Uma grande confusão

As primeiras dores começaram após dois anos de trabalho sem descanso, havia acúmulo de serviço e eu tentava me organizar para finalmente sair em férias. Dores de cabeça, ombros, coluna e braços. Com o auxílio de meu marido, assessorando na época a empresa em que eu trabalhava, fizemos diversas mudanças no ambiente físico de trabalho, tais como trocar a cadeira para melhorar a postura, criar apoio para os pés, iluminação, etc , era tarde demais.

Após visita a médico ortopedista e traumatologista foi diagnosticado má postura em ambiente de trabalho e estafa, usei tipóia e colar cervical passei quinze dias de molho mais medicações leves. Neste momento fui encaminhada para o órgão competente como acidente de trabalho. Obtinha aí o meu primeiro diagnóstico. Não imaginava na época que nunca mais retornaria.

Fiz inúmeras sessões de fisioterapia (nunca consegui ir até o fim), infiltração de xilocaína, acupuntura, massagens diversas, exercícios em casa (quando conseguia), aplicação de bolsa de água quente e caminhadas.

Começava o caos. Em pouco tempo já não podia pentear o cabelo, lavar a louça, roupa, limpar a casa, bater bolo ou mesmo carregar uma bolsa feminina. Tentei, insistentemente manter-me independente, quanto mais eu teimava, mais dores sentia. Achava ridículo tudo que estava acontecendo, não podia ser, como uma dor poderia ser tão mais poderosa que minha vontade, e o pior, tão contínua e por vezes imprevisível, algo não tão dolorido como um braço quebrado, mas tão chato como uma ardência constante que mal te deixa pensar. Quanto mais eu tentava surpreendê-la, mais me espantava, pois fatores como temperatura, umidade, ar condicionado, saídas de ônibus ou mesmo de carro prolongadas, época de tpm e menstruação, ficar sentada ou de pé durante muito tempo, idas a perícia ou a empresa, movimentos fortes eram suficientes para me nocautear. Num sábado, pela manhã, me virei na cama para dar um beijo de bom dia em meu marido, despertei para uma crise quase interminável de dias e dias de dor!

Descobri que as preocupações, tais como, financeiras, de expectativa com visitas ou mesmo uma pequena divergência de opinião familiar eram fatais.

Ainda não acreditava que aquilo estava acontecendo, achava mesmo que eu estava somatizando alguma coisa, mas que com o tempo isso ia passar. Sabia que algo devia ser feito, mas não sabia o que, tentava mudar sem mudar, ou seja, não sabia o porquê do problema, mas mesmo assim aceitava a opinião de um entendido (algo fora de mim) e seguia a cartilha da mudança, porém, lá no fundo, não acreditava que era verdade e dentro de mim o problema continua vivo e inalterado. Chamamos isso lá em casa de estar "bibu", uma mescla de birra com burrice.

Meu marido me obrigou a usar uma pochete e abdicar da bolsa, passei a dormir de barriga para cima o tempo todo, a posição papai-e-mamãe passou a ser a regra naquelas horas, minhas filhas começaram a assumir funções de lavar roupa, louça e faxinas. O grupo escoteiro do qual participávamos foi ficando de lado até ser abandonado por todos. Os jogos semanais de vôlei nem falar, tentei algumas vezes, era entrar na quadra ficar uns minutos e voltar para o banco. Ficava sentada olhando todos jogarem... eu realmente não compreendia tudo aquilo, tudo estava mudando velozmente.

Sentia-me meia mãe, meia esposa, meia mulher, meia tudo.

Numa dessas sessões de terapia fui aconselhada, cuidadosamente, pela médica a rever minha condição conjugal, estranhei mas considerei a idéia "daquela entendida", já não sabia aonde achar solução. De mansinho fui entrando no assunto em casa, logo partimos para a briga e após uns safanões vi que havia insegurança por toda parte dentro de mim, comecei a culpar tudo e todos. Após esta discussão fico feliz em dizer que as únicas discussões que tive depois disso foram aquelas críticas que me fizeram amadurecer o problema.

Foram 24 perícias pelo órgão competente, fui examinada apenas umas 4 vezes, atestados nem sempre foram solicitados ou mesmo lidos, ouvi o que não queria ouvir, não pude dizer o que queria, gritei quando não agüentei os desaforos: "Vai trabalhar que passa!", "Isso é psicológico, tu estás somatizando!", "Não posso fazer nada, tu não tens nenhuma atrofia!", "Ah, então tu não quiseste trabalhar". Numa dessas vezes fui acompanhada de meu marido, pois caso ouvisse novamente um desacato a esta cidadã muito trabalhadora e confusamente doente estávamos preparados para ir para o tapa! Um absurdo para nossa educação, mas não ia mais agüentar ser chamada de vagabunda sem nada poder fazer, apenas sendo submetida a vontade dos poderosos e ignorantes

Ao todo foram 31 médicos, diversas especialidades, algo em torno de 15 exames, só 4 confirmações de "ites", inflamações e contraturas musculares ditas severas, os outros opinavam atribuindo a mesma causa: "Não apareceu nada isso passa!". Lembro de uma Eletroneuromiografia (exame em que se faz inserção de agulhas que emitem pequenos choques em alguns pontos do corpo), estava acompanhada de meu marido. A cada movimento e inserção das agulhas eu entrava em prantos sob o olhar desconfiado e neutro do médico. Estava em uma crise das boas, foi angustiante para nós, não sabíamos se a dor era o pior a enfrentar ou a expressão de pouco caso por este reles ser humano que o médico fazia questão de mostrar.

Numa dessas consultas com fisioterapeuta e médico do órgão competente, após exame, fui aconselhada a movimentar mais os braços, pois havia chance de atrofia. Nessa época eu já estava me acostumando a dores constantes, não fortes, aturáveis, não havia outra forma mesmo, tive que aprender a suportar. Naquele dia eu estava relativamente bem, aturando, e vi naquelas palavras uma chance de reabilitação, me positivei e ao chegar em casa fui ajudar meu marido a lavar o carro. Ele não compreendeu, mas ao me ver alegre e positiva e respaldada por médicos, acreditou. Acreditei mais uma vez nos “entendidos".

Lá fui eu, numa felicidade idiota, achar que podia realmente começar a fazer algo de novo, participar da vida diária de meus familiares, e não me sentir uma inútil sempre sendo xingada e avisada de que não podia fazer isso ou aquilo, cuidado, olha a dor, blá, blá, blá... Eis um bom exemplo de como ficou meu estado emocional nos 5 anos que passei por todo este processo, deixei de crer em mim, duvidei de meus familiares, não consegui mais acreditar em médicos, tinha medo de falar o que eu tinha, nem eu sabia (!) , não sorria muito, chorava bastante, meu humor era facilmente alterável, só queria dormir, e muitas vezes só podia dormir, pois os remédios eram um soco - as sensações com os efeitos dos remédios receitados como os antidepressivos, eram as piores.

Nem preciso dizer o que essa má orientação sem que eu peneirasse, questionasse sequer essa informação me custou. Hoje tenho medo, choro quando lembro, agradeço e penso nos que sofrem como eu. Como é difícil perder-se de si mesmo.

Paguei algo próximo dos R$ 2000,00 reais, fora o que o plano de saúde cobriu. Quando a conta chegou nessa cifra comecei a filtrar o monte de exames, fisioterapias e outros. Para nossa renda familiar, depois que meu marido passou a trabalhar menos como autônomo, isto era significativo, fora a quantidade de remédios em farmácias.

Eis o que já me foi receitado: antiinflamatórios diversos, infiltrações com xilocaína, katadolon, tramal, voltaren, paracetamol, nortriptilina, dorilax, dorico, trofanil, amplictil, tegretol, tilatil, valium, sensitran (morfina), sirdalud, rivotril, setux, aas, celebra, vioxx e outros. Na época, utilizava o paracetamol, setux, rivotril e a nortriptilina manipulada para controle de dosagem, pois não me acostumei a doses muito altas, fico literalmente chapada e os médicos dizem que isso é impossível (!?). As dores jamais pararam, eu é que me acalmei (quando possível), aprendi a suportar a dor e principalmente a entender o significado da palavra disciplina, quanto mais a gente se debate, pior é, este ditado é uma verdade, porém acredito ser inevitável conviver com dor física, discriminação, falta de entendimento e orientação além de ter que mudar todos os hábitos de sua vida após 30 anos de vícios.

As características dessa dor, até agora, sugerem sintomas tais como, nódulos no pescoço, ombros e lombar, inchaço, fraqueza, tremor, dormência em ambos braços, antebraços e mão, perda da força principalmente do membro superior esquerdo ( sou destra! ) , sensações de dor e repuxamento da perna e região lombar e cervical, dores no peito, sensação de calor ou frio nas áreas atingidas, travamento dos movimentos em uma crise com contratura muscular severa, dores de cabeça seguidas. As dores mudam freqüentemente de lugar e intensidade.

Tarefas tais como, lavar e passar roupa, lavar e secar louça, faxinas, varrer, cortar carne, amassar massas para bolo ou pão, lavar e pentear o cabelo, dirigir, correr, jogar, levantar peso, ficar de pé ou sentada por muito tempo, enfim tudo que movimente ou force os braços e o pescoço em demasia, até mesmo caminhar! Não creia que não tentei fazer tudo isso muitas vezes, quando achava que estava boa e gostosa para manipular a dor acabava sofrendo de novo. Aí pensava, mas não posso falar para os médicos que tento ser normal, me perguntava: "E se alguém me ver com essa vassoura na mão o que eu vou dizer?", são conflitos que não consegui evitar, me sentia livre quando podia fazê-los e culpada quando fazia, depois confusa com a dor que eles me proporcionavam. Culpava-me por estar em casa, folgada, vendo TV, enquanto meus colegas e familiares trabalhavam, culpava-me porque achava que estava enganando os médicos e a mim mesma, pensava: "Quando ia terminar essa somatização?" ou "Como posso estar em casa, aparentemente livre de trabalho e descansada podendo dormir e fazer outras coisas que normalmente nos privamos, e ao mesmo tempo continuar a sentir dor?". As aparentes férias que eu gozava tornavam-se sempre um inferno cheio de surpresas. Era melhor esse inferno em casa do que na roda viva do dia-a-dia.

Não consegui sair disso por muito tempo, e só muito depois percebi, e ainda estou aprendendo, que não era o que eu devia fazer, mas como, a cabeça deveria estar disciplinada, não despreocupada, mas sensata, menos energética e mais estável, não podia apenas fazer como antes, devia fazer o que podia, se não desse de uma forma poderia fazer de outra, se não desse era só não insistir e muito menos se culpar ou ficar no estado de "bibu" - birra e burra. Ainda assim a dor aparece e me deixa sempre muito confusa.

Passei por Ortopedistas, Traumatologistas, Reumatologistas, Neurologistas, Cardiologista, Psiquiatra, Anestesiologista e Especialista em dor crônica, Fisioterapeutas, Acupunturistas e Medicina do Trabalho. Mesmo que nessa lista haja redundância, para um leigo é suficiente para que ele se ache um caso especial. Quase todos os médicos diziam mais ou menos o seguinte, "- como não conheço o teu caso vou pedir exames e estudando isto poderei te dizer algo", não obstante que cada um tenha seus métodos de trabalho, suas especificações própria da área de atuação, como é possível que um paciente fique pipocando de um consultório a outro e com facilidade após bateria de exames lhe dêem expectativas e por fim digam que: "Lavo minhas mãos, do ponto de vista tal tu não tens nada".

Hoje sabendo que meu caso é comum e assola muitos trabalhadores, que depende do organismo de cada um, das condições sócio-econômicas, que a prevenção é quase inexistente, que a doença nem é aceita, como ninguém me avisou? Quer dizer que a classe médica "desconhece" uma doença tão comum quanto a gripe? Quando era ventilada a hipótese de que eu possuía uma doença do trabalho, a minha ignorância achava que LER era doença de digitador, logo diziam que não era possível estar encostada e continuar a sentir dor, era só trocar de função, tomar uns antiinflamatórios e tudo bem.

Sou considerada uma portadora de LER/DORT com diagnóstico de Síndrome Impacto Ombros + Epicondilite medial D e E e Tendinite de Antebraços (pronadores) 2 lados com incapacidade para elevação e perda de força em MMSSs, principalmente à E. Bonito diagnóstico de palavras reservadas, não é? Entendo no geral o que diz, mas certamente sempre aparecerá alguém para dizer que não é isso e é aquilo. Para mim não importa muito, tenho dores diversas, nunca consegui contê-las e isso modificou a minha vida e de meus familiares e até que tudo isso tivesse terminado - não a dor, pois essa é crônica, mas as eternas visitas a consultórios, perícias, empresa e a dúvida sobre o que eu tenho - nunca descansei.

Neste momento, defronte ao microcomputador junto ao meu marido que está escrevendo estas páginas, sinto dores, mesmo estando medicada e tranqüila, pois revivemos cada momento. - Sinto vontade de chorar, diz ele.

Tomava conta de mim, a esta altura, além de tudo isso, o medo de voltar ao trabalho. Conhecendo a minha empresa, saberia que ao voltar a readaptação poderia ser traumática, se nem nas tensões diárias no lar não conseguia me livrar da dor e a cada forte emoção entrava em uma nova crise, como poderia voltar para o corre-corre do dia-a-dia. Além do mais me fora dito que se eu voltasse certamente, após um ano de trabalho, seria demitida! A cada perícia a agonia de algum médico simplesmente dar a alta sem me examinar ou ler os atestados, era grande. Aprendi a estar munida de documentação a toda hora, montei uma pasta com histórico de tudo o que fiz, nunca entreguei um original. Evitava tomar os remédios fortes - aqueles para depressão - , pois "chapada" não saberia responder a altura ao já esperado áspero atendimento na perícia.

Em 1999, aconselhada por alguns médicos, e já mais consciente e acostumada com a rotina da dor, resolvemos mudar de vez. Refiro-me a sair do bairro central onde morava, próximo a um parque, bem localizada, com acesso à escola, trabalho, lazer e diversas comodidades. Vendemos um carro muito confortável e junto com economias compramos um pequeno sítio nas proximidades da capital e um carro barato. Muito verde, ar puro, sem o estresse das ruas, do aluguel, do trânsito de pessoas e carros, bom para caminhadas tranqüilas, longe de tudo, mas próximo a um colégio municipal.

Meu marido deixou o emprego em empresa privada, passou a trabalhar mais como autônomo, não preciso dizer que o rendimento familiar baixou mais uma vez. Reforçamos em casa as aulas para as meninas, pois o colégio era fraco, e começamos, eu como uma administradora e observadora na maioria das vezes, a construir horta, lavoura, criar galinhas, cabra de leite, cães da raça fila, usar água de poço, sair só quando necessário, de preferência uma vez ao mês. Faço questão de dizer que nada disso seria possível sem minhas filhas, elas tiveram que aprender rapidamente as lidas de um sítio, acostumadas a cidade, no início foi difícil, mas tudo deu certo, agradeço este privilégio em tê-las como filhas. Era o complemento que eu e meu marido precisávamos nesta luta.

Buscando agora um equilíbrio no ambiente físico, na natureza e no isolamento melhorou muito, porém fui obrigada a abandonar sessões de acupuntura e fisioterapia, pois o acesso e a distância exigiam longas viagens de carro ou ônibus por estradas acidentadas, e eu não agüentei. Saia somente para as idas aos médicos e perícias.

Eis uma semana para nunca mais esquecer...

Era um dia 17 de janeiro de 2001. Na última perícia fui encaminhada ao Centro de Reabilitação, lá passei por médico, fisioterapeuta e assistente social, mesmo através de protestos meus, da assistente social e da médica da empresa em que eu trabalhava, fomos obrigadas a engolir uma tentativa de reabilitação. Segundo a linguagem usada nos telefonemas que eu mesma assisti entre a empresa e a assistência social do órgão responsável, eles deveriam arranjar um lugar para mim de qualquer jeito, nem que fosse para ficar sentada junto a gerente de recursos humanos! Pois, não só não havia função como eu não me encontrava recuperada. Parecia mais uma briga para ver quem se livrava de mim do que uma nova adaptação, uma obrigação legal, ninguém no Centro de Reabilitação perguntava se eu tinha condições, mesmo que eu gritasse, não queriam ouvir.

Trabalhei por 8 anos de maneira eficiente e dedicada, sempre na mesma área, me tocaram goela a baixo uma readaptação na função de recepcionista, não me deram escolha. Apressaram a saída em férias de uma recepcionista e me colocaram ao lado dela em treinamento, de pé, em frente a um telefone, uma caneta e um livro de registro na recepção da porta principal da empresa por onde passam centenas de pessoas por dia, usava tipóia e colar cervical, senti-me numa vitrina explicando a todos por que estava toda paramentada e trabalhando, fora a expressão de dor difícil de esconder, ninguém entendia. A empresa começava a temer um processo.

Durei uma tarde. O quadro era completamente as avessas de tudo que me fora aconselhado até ali, havia 3 anos que estava parada, a tensão era enorme. Na manhã seguinte peguei 2 ônibus, numa viagem de 2 horas, não havia dormido na noite anterior, pois as dores não deixaram, estava abalada e nervosa. Ao chegar procurei imediatamente a médica do trabalho, não estava. Fui atendida e medicada pela própria assistente social, fiquei aguardando em uma maca. Em seguida o quadro piorou, em um carro da própria empresa fui levada a um pronto atendimento traumatológico, eu não conseguia movimentar os membros superiores e o tronco, mal andava. Ao voltar para a empresa, sentia-me um trapo, o diagnóstico era de contratura muscular severa na coluna cervical com recomendações de repouso e cuidados extremos a fim de não provocar algo mais grave, tudo registrado em atestado.

Mesmo combalida, resolvi envolver o sindicato e associação, até aqui ainda não havia tomado providências deste tipo, pensei até em entrar na justiça contra quem quer que fosse, mas não ia aceitar ser manipulada tão injustamente. Liguei de um orelhão e recebi instruções de um advogado que aguardasse a médica do trabalho. Após sua chegada fui dispensada com documentação apropriada para retorno ao Centro de Reabilitação (CR). Antes disso fui acompanhada da assistente social ao psiquiatra que me tratou por uns tempos. Após 2 horas de consulta ante representação legal da empresa atestamos a impossibilidade de retorno as atividades.

Achei que estava tudo terminado, pelo menos aquele retorno embaraçoso, não podiam me mandar de volta. Porém o inesperado ainda estava para acontecer.

Eu e meu marido fomos ao CR, eu não estava em condições, meu estado emocional acelerava o processo de dor, tomei comprimidos fortes e me muni de acompanhamento. Qual foi nossa surpresa quando a assistente social, simplesmente disse que não ia nos atender, isso ainda no corredor, pois o médico estava de férias e eu deveria aguardar. Sem discutir ligamos para a empresa e fomos instruídos para ali ficar e insistir, a médica do trabalho ligaria para o responsável.

Em seguida encontramos novamente a assistente social, mais uma vez no corredor, pois nossa chamada foi deliberadamente esquecida, meu marido não se apresentou, mas ao questionar da possibilidade ilegal daquela ação, foi rispidamente tratado. Evitamos discussões desnecessárias e nos dirigimos imediatamente a diretoria daquele órgão. Naquele instante a assistente mudou drasticamente de idéia e disse que poderia atendê-la caso tivesse atestado, coisa que não deixamos de mencionar.

Não permitiu que ambos entrássemos na sala. Ele se encaminhou a diretoria enquanto eu era atendida, pois tinha direito a nova perícia. Logo foi recebido, informando sobre o caso e desconhecendo aquele procedimento, pedia instruções aos superiores daquela funcionária.

Após breve atendimento, fui liberada normalmente pelo CR. As pressas a funcionária me liberou e dirigiu-se rapidamente, logo a minha frente, à sala da diretoria para acompanhar a conversa. Parecia uma novela. Em tom explicativo, em meio aos gritos da assistente, a diretora tentava justificar que estávamos corretos e que tudo não passava de um mal entendido. Não sabia se ria ou chorava.

Estávamos munidos de orientação legal pelo sindicato, pela empresa, possuíamos atestados da médica do trabalho, do psiquiatra e médico forense e do pronto atendimento traumatológico. Nada foi lido ou utilizado neste bafafá burocrático e insano, nunca havia passado por isso. Tinha idéia de que o nosso sistema de saúde era insatisfatório e pobre, mas não sabia que a manipulação atingia a ética dos profissionais que ali trabalham, graduados e condenados a um sistema caduco. Levamos muito tempo para esquecer este infeliz incidente, ficou uma pergunta. Como pessoas comuns, sem instrução, acesso a informação que só conhecem a manipulada comunicação de massa, podem, e são a maioria, depender desse fraco, injusto, manipulativo e inalterado poder?

Se por um acaso, uma pequena insistência, o que eu pensava que ia ser uma verdadeira batalha, conseguimos a justa e devida liberação a qual eu tinha direito, apenas com um bater na porta de um diretor, evitando assim uma infrutífera discussão ou até mesmo tribunais, achando que era impossível apenas um "Não vou te atender" ser a razão da interrupção de um processo que sofro há tanto tempo. Como ficam os outros que sem enxergar a verdade, sem saber, pessoas de idade avançada, humildes, confiantes no sistema, com problemas piores que os meus, sem assistência médica privada, ficam presos nessa malha injusta? Perpetuam seu estado alterado de saúde até a sua morte. A vida dessas pessoas muda conforme o "tapa" que elas levam, caladas e sem reação, e eu mudo e aceito a difícil mudança em minha vida apoiada por tudo que eles não tem (!).

Depois desse infeliz e traumático incidente, muita coisa mudou. Foi como se as dificuldades que eu já vinha enfrentando tivessem se multiplicado, foi um marco nesses 9 anos de convívio com a dor. Foi o supra-sumo das ocorrências, uma espécie de conflito geral envolvendo todos as personagens dessa novela num confronto decisivo em que eu viria a conhecer uma profunda depressão.

Nunca soube o que era realmente uma depressão, tomava antidepressivos porquê eles auxiliam no tratamento da dor em si e porquê o paciente de dor crônica entra em depressão com facilidade pela continuidade da dor. Hoje sei que muitas vezes fui inconsciente dos acontecimentos, achava que tinha controle, mas 'achava' demais...não tinha certeza de nada.

Comecei a confundir tudo, chorava por qualquer coisa, não conseguia mais conduzir ou mesmo me preocupar com minhas filhas, perdi o desejo sexual, passava o tempo todo deitada com tipóia e colar cervical, as dores pareciam mais doídas e intermináveis, cheguei a passar 2 semanas com dor intensa, não conseguia pensar, lutava contra os remédios, mas não podia abdicar deles, por fim passei a pensar em morrer e que assim seria melhor para todos, pois não via mais solução, nada fazia efeito, não me acalmava... que novela hein? Achei que nunca ia ser protagonista de coisas assim.

Conversava uma manhã inteira com meu marido, ele já não saia de casa com freqüência, eu não chegava a nenhuma conclusão, mas as "conversas-mijadas" seguidas me fariam pensar, nós não éramos os "entendidos", mas viríamos a descobrir que éramos os verdadeiros entendidos.

Imagino que as pessoas que passam por problemas contundentes, se encontrem desencontradas, que cada um tem um jeito de reagir, buscar respostas para si. O que quero ressaltar de modo lúcido é que perdi a lucidez, a segurança adquirida após muitas vivências, a autoconfiança. Chamo isso que vivi de uma novela, dramática e cheia de confusões emocionais, uma gangorra de incertezas, uma loucura. Intelectualmente fácil de resolver como muitos problemas-surpresa do dia-a-dia, como a morte de um ente querido, por exemplo. Com frieza e sensatez tentamos achar o 'norte', o 'x' do problema, estabelecer um plano e pôr em prática a tentativa de solução.

É, e foi difícil, espero não ser redundante e muito tendenciosa, mas foi assim, assustador, talvez para mim, para outros, uma doença qualquer, uma dorzinha, uma aposentadoria por invalidez para ficar em casa engordando aos 36 anos de idade. Espero que não aconteça com ninguém, mas sei que muitos passam diariamente por isso, perde-se o chão em que se pisa, é uma mudança radical e imposta. Agora entendo o ditado: “Prevenir é o melhor remédio”. Agora entendo o ditado: “Nosso país não é sério”.

Preocupo-me muito com aqueles que podem acabar vivendo a mesma coisa, e que perdidos se comprometem, por isso traduzo exatamente o que passei, para que muitos não se sintam tão estranhos como eu me senti.

Não vivi um teatro, vivi uma realidade social, não tão feia quanto aquela das ruas, mas tão destruidora que pode mudar a normalidade de uma vida. Normal para muitos que nem sequer lutam, aceitam o rótulo de um funcionariozinho, de um médico antiético, de um cara de balcão que cansa de atender o povão que não tem plano médico, aceitam o desconto no contracheque e quando tu mais precisa não podes contar com o teu direito legal.

Hoje

Convivo diariamente com a dor, mas já me sinto forte para discipliná-la, pois ela é minha, pertence ao que sou, não posso arrancá-la, mas posso aceitá-la. Não a vejo como uma inimiga, mas como uma amiga a qual tenho que gostar e conviver. Não mudamos da noite para o dia, mas transformamo-nos a medida em que entendemos o que nos acontece, é um processo íntimo de aprendizado, pois a doença instalada não é tão somente tratada pelos médicos (seres humanos como nós), é principalmente entendida na vivência e na prática. Os remédios ajudam, os limites são muitos, nem sempre faço o que quero fazer, nem sempre consigo fugir do que tenho de fazer, continuo viva e com obrigações de mãe, esposa e companheira de minha família.

Hoje vivo melhor, estou aposentada faz 5 anos depois de muita batalha, busco na justiça os seguros que paguei enquanto funcionária mas na hora em que precisei me foi negado sob muitas alegações. Tive de fazer mais perícias, recebi até 7% de incapacitação, 25% para outro, ninguém se entende, pois o único objetivo é não pagar.

Minhas filhas ainda me ajudam e são universitárias, moramos ao lado do campus, meu marido ainda trabalha como autônomo e só assim posso contar com eles. E a eles dedico minha sobriedade diante de minhas dores, sinto-me útil diante deles, mesmo sendo inútil muitas vezes. Que bom se toda sociedade pudesse compreender melhor seus semelhantes e que a diferença (doença, pobreza, raça, credo...) não excluísse a humanidade em cada um de nós.

Entenda melhor o que é a LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo ou Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho) e suas interpretações.

Existem pela rede diversas referências, para sua informação disponibilizamos aqui algumas ...

Acesse www.fecesc.floripa.com.br/ler_dort.htm ou http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/01_0008_M.pdf

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O relato a seguir descreve "percalços comuns" na vida de todos aqueles que enfrentam doenças que nem sempre são consenso na comunidade médica e, principalmente, aquelas que vão de encontro ao interesse do sistema trabalhista que trata a mão-de-obra apenas como recurso de produção e obedece as leis capitalistas dominantes em nossa sociedade.

Ou nos sujeitamos as leis sociais que desconhecem a humanidade em cada um de nós e vivemos como seres estressados e escravizados até mesmo no pensamento ou tratemos de buscar a autonomia que ilusoriamente parece atrelada ao sistema, mas que está nas pequenas ações disciplinares de nosso cotidiano, totalmente nas nossas mãos.

Nenhum de nós está livre de um acidente de trabalho ou mesmo de uma doença gerada pelo estresse desse ambiente no qual passamos mais de 70% de nossas vidas. Cuidado, isso pode acontecer com você. Não importa aqui divulgar a autoria deste relato, basta que nos questionemos que no silêncio do dia-a-dia, nas rotinas que parecem normais é que deixamos de perceber muitas das razões que conduzem a nossa vida enquanto achamos que a estamos dominando ...

O artesão e sua obra

Um dia desses ao fazer uma cortina lá para casa, gastei horas elaborando o projeto, tentando reaproveitar alguns materiais que eu tinha, já sem muita saída e desanimada, meu pai viu a situação e me deu um conselho: -Dá um tempo, refresca a cabeça, teu esforço será recompensado, um artesão que se sente bem é sinônimo de um bom trabalho e o contrário também é verdadeiro. Essas palavras me fizeram refletir e ver que o nosso trabalho tem um significado muito maior do que normalmente pensamos.

Como artesãos, trabalhamos com criatividade, com manualidade, em um contato direto com o que fazemos, logo colocamos na nossa obra ânimo, desânimo, vontade, frustrações e tudo aquilo que somos e estamos passando no momento, por tudo isso, o nosso trabalho representa muito mais do que um simples produto, ele é parte de nós e transmite para os outros mais do que beleza, brilho ou utilidade, ele trás uma carga, fruto do contato realizado na sua confecção.

Quando algumas folhas de jornal se tornam um lindo cesto, são as nossas mãos que estão na massa, enrolando um canudinho, passando cola, elas contém vida, energia, que a cada passo do trabalho gera uma transformação na obra e em nós mesmos, muitos médicos já utilizam o artesanato como terapia e estão conseguindo obter bons resultados.

Mesmo que intuitivamente, sabemos que para uma boa obra é preciso mais do que cola, verniz, tintas, é fundamental carinho, alegria, gosto, equilibrio pessoal, organização e objetivo, pois estas são ferramentas essenciais para um sábio artesão.

Então, agora que sabemos disso, um bom trabalho a todos nós!

OS 7 PASSOS QUE FAZEM A DIFERENÇA

Guia de Inclusão Social - Responsabilidade de Todos
Faders - Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para PPD e PPAH
www.faders.rs.gov.br

1. DEFICIÊNCIA VISUAL

- Ofereça ajuda sempre que uma pessoa cega parecer precisar. Mas, antes de fazer qualquer coisa, pergunte se ela realmente precisa. Só tome uma atitude se ela concordar;
- Não a pegue pelo braço. Ao guiá-la, deixe que ela pegue seu braço; dê preferência ao cotovelo ou ao ombro;
- Oriente sempre que encontrar degraus, meio-fios e outros obstáculos;
- Em lugares muito estreitos para andar lado-a-lado, ponha o braço para trás, possibilitando que a pessoa cega siga você;
- Ao sair de uma sala, não esqueça de avisar: é desagradável para qualquer pessoa falar para o vazio;
- Não evite palavras como cego, olhar e ver. As pessoas cegas também usam;
- Ao indicar direções, seja sempre o mais claro e específico possível. E não esqueça de indicar os obstáculos no caminho que ela vai seguir;
- Como algumas pessoas cegas não têm memória visual, indique sempre à distância em metros (por exemplo: uns 20 metros à frente). Se você não souber como direcioná-la, peça ajuda, que ela lhe dirá a melhor maneira;
- Ao guiar um deficiente visual até uma cadeira, leve sua mão ao encosto e informe se a cadeira tem ou não braços;
- Num restaurante, é educado ler o cardápio e os preços;
- Não esqueça: a pessoa cega é exatamente igual a você. O fato dela não enxergar não deve mudar a sua maneira de tratá-la;
- Ao conviver social ou profissionalmente com pessoas com deficiência visual, não pense na cegueira como um problema, ou que esta irá minimizar ou excluir a participação das pessoas cegas. Deixe que elas decidam como participar, com as mesmas chances de acertar e errar de qualquer pessoa;
- No caso de pessoas com baixa visão (sérias dificuldades visuais), tenha o mesmo respeito, perguntando sempre se pode ajudar quando notar que elas enfrentam dificuldades.

2. DEFICIÊNCIA FÍSICA

- Não segure nem toque na cadeira de rodas. Ela é a parte do espaço corporal da pessoa. Apoiar-se ou encostar-se na cadeira é o mesmo que se apoiar ou se encostar na pessoa;
- Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa;
- Se você desejar, ofereça ajuda, mas não insista. Se realmente precisar de ajuda, a pessoa aceitará seu oferecimento e dirá o que fazer. Forçar ajuda pode causar insegurança;
- Não tenha receio de usar palavras como "caminhar" ou "correr"; as pessoas com deficiência também as usam;
- Quando você e uma pessoa com deficiência quiserem sair juntos, preste atenção para eventuais barreiras arquitetônicas ao fazer a escolha de um restaurante, uma casa, um teatro ou outro lugar que pretendam visitar;
- Se a conversa com uma pessoa em cadeira de rodas durar mais que alguns minutos, sente-se, de modo a ficar no mesmo nível de seu olhar. Para uma pessoa sentada, não é confortável ficar olhando para cima durante um período relativamente longo;
- Não estacione seu automóvel em lugares reservados às pessoas com deficiência física. Tais lugares são reservados por necessidade e não por conveniência. O espaço reservado é mais largo que o usual, a fim de permitir que a cadeira de rodas fique ao lado do automóvel e a pessoa com deficiência física possa sair e sentar-se com autonomia. Além disso, o lugar é reservado sempre próximo à entrada de prédios para facilitar o acesso aos mesmos;
- Ao ajudar uma pessoa com deficiência física a descer uma rampa inclinada, ou degrau alto, é preferível usar a "marcha ré " para evitar que, pela excessiva inclinação, a pessoa perca o equilíbrio e possa cair para frente;
- Se você estiver acompanhando uma pessoa que ande devagar, com auxílio ou não de muletas ou bengala, procure acompanhar o passo dela;
- Tome os cuidados necessários para que a pessoa não tropece;
- Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência. Promova atitudes independentes e maior autonomia.

3. DEFICIÊNCIA AUDITIVA / SURDEZ

- A comunicação com pessoa surda ou com deficiência auditiva exige que você fale claramente, distinguindo palavra por palavra. Mas não precisa exagerar: fale com a velocidade normal, a menos que lhe seja pedido para falar mais devagar;
- Tome cuidado para que a pessoa com quem você fala enxergue a sua boca. A leitura dos lábios fica impossível se você gesticula, segura alguma coisa na frente dos lábios ou fica contra a luz;
- Use o seu tom de voz normal, a menos que lhe seja pedido para falar mais alto. Não esqueça: gritar não adianta;
- Seja expressivo. Como os surdos não podem notar as mudanças sutis na sua voz, a maioria lê as expressões faciais, gestos e movimentos do seu corpo para entender o que você quer comunicar;
- Quando você quiser falar com uma pessoa surda, chame a atenção dela sinalizando com a mão ou tocando seu braço. Durante a conversa, mantenha sempre o contato visual. Se você olhar para outro lado, enquanto vocês conversarem, ela achará que a conversa terminou;
- Se você sentir dificuldade para entender o que ela estiver falando, peça para repetir ou mesmo escrever. Mais importante que o método é a comunicação;
- Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, fale diretamente com ela e não com o intérprete. Ao planejar um encontro, lembre-se que os avisos visuais são sempre úteis;
- Para assistir a um filme, se ele não tiver legendas, providencie um script ou o resumo do conteúdo;
- Procure conhecer a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Além de ser a segunda língua oficial do Brasil, é através dela que os surdos se comunicam. Fique atento: a presença do intérprete em concursos públicos, seminários e outros é garantida por lei.

4. DEFICIÊNCIA MENTAL

- Quando você pensar numa pessoa com deficiência mental, esqueça a última parte e lembre que, antes de tudo, ela é uma pessoa. O tratamento, dessa forma, é o mesmo: crianças são tratadas como crianças, adolescentes como adolescentes e adultos como adultos;
- Cumprimente a pessoa com deficiência mental de maneira normal e respeitosa, sem esquecer, também, de se despedir;
- Haja naturalmente e evite a super proteção. O deficiente mental deve fazer sozinho tudo o que puder. Precisará de sua ajuda quando ela for realmente necessária;
- É importante lembrar que a deficiência mental pode ser consequência de uma doença, mas não é uma doença. Ela é uma condição da pessoa. Nunca use expressões como bobinho ou doentinho quando se referir ou se dirigir a uma pessoa com deficiência mental;
- Lembre sempre: deficiência mental não é doença mental.

5. DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA SENSORIAL / SURDOCEGUEIRA

- As crianças com múltipla deficiência geralmente apresentam dificuldades de comunicar seus pensamentos, desejos e intenções, A maior parte delas não apresenta linguagem verbal, mas pode comunicar-se por gestos, olhar, movimentos corporais mínimos, sinais, objetos e símbolos. Necessitam de pessoas interativas e receptivas que ofereçam apoio e incentivem esse processo de comunicação não verbal;
- Quando se aproximar de uma pessoa surdocega, faça-a saber, com um toque simples, que você está perto dela; use de forma suave e positiva todas as formas de comunicação que ela adotar, pois a condição de surdocega leva a pessoa a ter necessidades de formas específicas de comunicação, portanto, aprenda e
use os meios de comunicação que ela usa, mesmo os mais elementares, assegurando-se sempre que ela o compreende e você a compreende.

6. AUTISMO

- O autista apresenta resistência à mudança de rotina, ao aprendizado e ao contato físico. Na infância, usa as pessoas como ferramentas, age como se não ouvisse, não mantém contato visual e não interage com outras crianças. Apresenta, também, acentuada hiperatividade física, risos e movimentos não-apropriados,
comportamento indiferente e arredio. Pode, às vezes, apresentar comportamento agressivo e destrutivo, não demonstrando medo de perigos;
- O autista demonstra um apego não-apropriado a determinados objetos, girando-os de forma peculiar. Essas crianças necessitam de um dia altamente estruturado e previsível. Apesar de precisarem ter sua personalidade respeitada, devem aprender normas e habilidades necessárias a qualquer outra criança;
- Quando, o autista não possuir a linguagem falada, faz-se necessário o ensino de outras formas de comunicação.

7. PESSOAS COM ALTAS HABILIDADES

- A pessoa com altos habilidades/superdotação apresenta acentuada curiosidade e persistência em satisfazer seus interesses. Possui senso de humor altamente desenvolvido e, também, senso crítico em relação a si mesma e aos outros, não sendo propensa a aceitar afirmações, respostas ou avaliações superficiais;
- Essas pessoas apresentam facilidade para entender os princípios gerais e, com a mesma facilidade, propõem muitas idéias para um estímulo específico;
- Apresentam grande sensibilidade a injustiças, tanto em nível pessoal quanto social. Facilmente, observam inúmeras relações entre objetos, idéias e situações, apresentando uma forma original de resolver problemas. Caracterizam-se também por possuir imaginação e criatividade aguçadas, demonstrando talento incomum para artes, música, dança, esporte, literatura, línguas, informática e outros.