Artesanato com “lixo”, por quê não?

“... nem sabe o que diz, vender lixo não é artesanato! Isso é um insulto para os artesãos que vendem nas nossas feiras! Dedique-se ao que as suas conterrâneas fazem... ou então volte para a favela..."

Não importa quem disse ou quem sofreu a injúria, não importa nem que seja lixo ou não a matéria-prima de um artesanato ou obra de arte, como no caso das sucatas soldadas que fazem enorme sucesso, talvez nem importe falar mais nisso, mas que isso nos dá um enorme leque de idéias para pensar-repensar de como ainda vivemos numa sociedade preconceituosa e rotuladora, Ah, isso dá.

Definição de lixo: tudo o que não presta e se joga fora. Hoje, o conceito sobre o que é lixo ou não, é discutível, até por que em reaproveitamento ou reciclagem ele tem serventia, logo não é lixo, pois “presta” e não vai fora. No reaproveitamento ele serve para alguém, como no caso de um armário ou uma roupa que doamos. Um artesanato feito de P.E.T., jornal, pode ser ensinado nas periferias para aqueles de baixa renda, até mesmo para poderem dar brinquedos a seus filhos. Na reciclagem o “lixo”, que não é lixo, se torna matéria-prima para quem não vende nem consome lixo...

Definição de artesanato: arte do artesão, trabalho individual feito com as mãos. Hoje, fazer artesanato contempla, hobby, terapia, disciplina escolar infantil ou subsistência. Importa a matéria-prima que vamos usar ou o trabalho e o resultado alcançado?

Definição de favela: Conjunto de habitações populares toscamente construídas (por via de regra em morros) e com recursos higiênicos deficientes. Sem dúvida esta palavra se refere a todos aqueles seres humanos que, por um motivo ou outro, acabam sem condições financeiras para morar em lugares urbanos mais “recomendáveis”. Se lá, temos artesãos, artistas de rua, rip-ropers, catadores e outros tipos de “profissões” – informais ou não – é pela mesma razão que lá eles residem. Nem por isso é justificável, num mundo tão carente de seres humanos que desenvolvam compaixão, referir-se a “Arte que sai do lixo” como produto da dificuldade de nossos semelhantes.

Se um artesanato é mais vendável que outro, certamente não é por que ele é feito de um ou outro material, mas sim por que é bem feito e tem o propósito de mostrar a manualidade do artesão, a capacidade artística de transformar qualquer coisa em produto acabado. O valor aí é do ser humano que incorpora a sua obra, o seu brilho, não importa quem ele seja, por que ele faz artesanato, sua classe ou poder aquisitivo.

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