Para uma paixão

Era daqueles dias nublados de primavera, de clima suave como a estação. A estrada estava límpida e eu podia olhar o desejo nos olhos dela, o brilho do seu rosto era claro e a vontade era cálida como se a nossa viagem nunca nos fosse separar. Os campos na serra do horizonte davam a sensação de liberdade e mesmo em nossa certeza de estar vivendo estávamos apenas sonhando. Às vezes, com muita velocidade, nos separávamos da paisagem lá atrás, como se fossemos decolar do asfalto. Mal ouvia-se o barulho do vento e então devagar desacelerávamos até parecer que iríamos parar ali mesmo.

Uma vez sozinhos, éramos, eu e ela, um, unicamente tão único, tão forte que... ao me acordar o sol havia raiado; tentei levantar e com uma leve dor no corpo pus-me de pé, limpei a poeira do corpo e olhei na estrada inóspita, à alguma distância, o que sobrara do carro; ninguém mais achei. Minha última olhada não me fez piscar, parado e tentando saber como fora parar tão longe, pensava em tudo que acontecera.

Comecei a caminhar capengueando, parando às vezes a olhar a última cena depois de mim mesmo.

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